SONETO DE SEPARAÇÃO
Vinícius de Morais
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Não há representação melhor do momento de separação como o poema acima. Ele descreve uma situação que era favorável e se torna uma situação dolorosa. Não há separação sem perdas. Ela deixa perdas materiais, financeiras, emocionais, psicológicas e traumas que se não cuidados e, sabe-se lá se curados, podem dificultar o próximo passo da separação: o convívio entre os separados.
A separação é um momento doloroso, principalmente para os que amam. É o momento de repensar rotinas de uma vida baseada em dois indivíduos; de quebrar os laços. E esse é o passo mais difícil. Quebrar laços significa renunciar-se para reconstruir-se. Agora não existe o "nós", apenas o "eu" e o "eu". "Eu", uma única pessoa. E quando nos damos conta disso, nos deparamos com a dura realidade da solidão, de estar só, no meio da encruzilhada.
É aí que bate o desespero.E se não tiver cuca boa, meu amigo... as consequências ser~~ao mais traumáticas ainda...